Valmor Bolan
Doutor em Sociologia
Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá
Representa o Ensino Superior Particular na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos do MEC
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Não se trata de ser de esquerda ou de direita, mas o que se percebe, muitas vezes, no debate político atual, são manifestações que tendem a exaltar extremos, e isso não é bom.
Temos que ser prudentes e procurar meios de expressar nossos pontos de vista, com ponderação, argumentos sólidos, informações precisas, sem intempestividades. Tais exaltações em nada favorecem o aprimoramento e fortalecimento da democracia com posições sectárias e inflamadas.
A história recente já mostrou os perigos dos extremos, sejam de direita ou de esquerda, pois tais conceitos reducionistas perderam seu significado depois da queda do muro de Berlim, aonde o mundo globalizado ficou mais complexo e culturalmente mais plural.
As redes sociais, muitas vezes, permitem a rápida veiculação de notícias e informações, mas nem tudo o que circula, às vezes, tem solidez e precisão.
A invasão do legislativo brasileiro por grupos de direita reivindicando a intervenção militar agride a instituição democrática, o Estado democrático de Direito, da mesma forma que as invasões de escolas públicas por grupos extremistas de esquerda. Ambos os movimentos devem ser rechaçados pela sociedade, e devemos buscar por meio do diálogo, o entendimento que se faz necessário.
Nesse sentido, precisamos estar atentos e prudentes, pois muitos se aproveitam de momentos de instabilidade para insuflar ainda mais as insatisfações do povo. É preciso, pois, que haja responsabilidade. Não é desrespeitando a lei que faremos valer a lei. Por isso, as invasões não tem legitimidade.
Precisamos, portanto trabalhar no sentido de aprimorar a democracia, apoiar a reforma política, a ação do Ministério Público, da Polícia Federal, do Judiciário, mas sem abusos de nenhum dos poderes constituídos. E também as legítimas manifestações populares, dentro da lei e da ordem, pacificamente, como tivemos em 2015 e 2016, pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, processo que ocorreu dentro do rito democrático, nas instâncias adequadas, com amplo direito de defesa. São legitimas também as manifestações daqueles que defendiam o Governo Dilma.
Por isso defendemos a democracia, e não aceitamos as intempestividades. O que falta também, nas escolas talvez seja uma melhor formação cívica, para que possamos cultivar princípios e valores de patriotismo, mas com moderação, discernimento, responsabilidade e motivação a iniciativas construtivas.
Talvez isso seja um primeiro passo para que as novas gerações tenham uma melhor vivência do exercício da cidadania, na construção de um Brasil justo e solidário, e também próspero, que desejamos.




